Em que mundo estamos vivendo hoje?


As vezes eu olho pra trás, esperando respostas. Eu revivo minhas memórias mil vezes, imaginando o que eu poderia ter feito de diferente. Mas ai chego a conclusão que eu não mudaria nada, eu reviveria tudo novamente, sem pular os buracos ou desviar das pedras, por que sei o quanto foi necessário para meu crescimento hoje. Eu cresci. Me sinto maior, mas ao mesmo tempo me sinto tão pequeno. Tudo que aprendi me assombra. É tanta coisa, mas ao mesmo tempo não é nada. Me pergunto como cheguei até aqui? Em qual momento minha vida virou algo que não tenho mais controle sobre. Quando foi que viramos adultos? Quando foi que nossas escolhas se tornaram tão difíceis? Como eu posso ter controle sobre o que vivo? Se eu tivesse a resposta para essas e outras perguntas, talvez eu conseguisse mudar algo e talvez meu futuro fosse melhor, mas não posso, isso faz com que eu me sinta impotente sobre minha vida. Eu não consigo dominá-la, eu preciso de alguém para me ajudar com ela, eu preciso de alguém é difícil entende isso? Eu não consigo caminhar só sabendo que tem um bilhão de pessoas no mundo e nenhuma pode me ajudar a viver. Não consigo entender qual o erro disso e por que as pessoas tanto me criticam por ser assim. Por que as pessoas me criticam? Por que elas não conseguem ver que estou caindo e que não preciso de mais pessoas pisando em mim? Por que elas não conseguem ver que não tem ninguém que me odeie mais que eu mesma? Eu sou meu pior inimigo, mas as pessoas que me cercam continuam me jugando. Por que nós não conseguimos dizer uma palavra de conforto ou apenas se fazer presente? Então o ser humano realmente se reduziu a isso? A palavras de ódio e conversas vazias? Então a humanidade acabou e estamos vivendo em um mundo de solidão e raiva? Como chegamos a isso? Será que um dia alguém vai estender a mão pra mim ou vão continuar a pisar em mim enquanto estou caída? Elas não percebem que não precisam falar nada, só precisam estar ao meu lado, fazer com que me sinta segura, fazer com que eu não pense besteira e acabe caindo em um poço, um poço que não tem fim e talvez não tenha volta. Só preciso de alguém que jogue uma corda, que me puxe, que não solte, que esteja destinada a só parar de puxar a corda quando perceber que eu consegui sair, sair da escuridão que eu mesma me coloquei, sair de um lugar que julguei impossível de ser escapado. Dizem que quando estamos no fundo do poço a única direção que se pode ir é pra cima. Mas quando estamos lá, nada mais faz sentido. Estamos quebrados. Algumas pessoas se salvam porque acreditam em si mesmas e fazem de tudo para melhorar. Mas quando você não acredita em si mesmo, quando seu remédio é uma pessoa que não está lá, o que você faz? O que você faz quando precisa de alguém que não vai aparecer? O que você faz quando tem medo de tentar subir e cair de novo? Mesmo que suas intenções sejam boas, você se afunda mais e mais. Você não quer mais subir, porque no fundo é seguro. No fundo do poço nada mais importa. Lá nada mais pode te derrubar. O que você faz quando sua esperança não existe mais? Penso em lutar, em erguer a cabeça, em olhar para o sol e recarregar minhas forças dele, mas não dá. Não tenho forças para ficar de pé, toda minha vida fingi ser alguém que não sou, ri quando na verdade queria chorar, fui quando na verdade queria ficar, vivi quando na verdade queria morrer. Tudo era um verdadeiro teatro para as pessoas e acho que eu era a palhaça que faziam elas rirem. Elas nunca me perguntaram se eu estava bem, e quando perguntavam e eu falava um “sim” meia boca elas não insistiam em saber se realmente eu estava bem. Eu construí uma imagem de mim pras outras pessoas verem. Aquela garota que está sempre feliz, que não tem problemas. Eu fingi, mais vezes do que consigo lembrar. Eu fingi alegria, eu fingi sorrisos. Eu fingi que meu sentimento era pequeno, quando na verdade ele não cabia em mim. Eu aprendi a fingir muito bem e agora que eu preciso mostrar a verdade, eu não sei como fazer isso. Eu esqueci. Eu vivi demais pelos outros e agora não sei viver por mim. Mas, enquanto eu não descubro, eu sigo fingindo, eu sigo com a máscara que eu criei. Porque mais difícil do que começar a fingir, é parar.
— ESTAMOS VIVENDO EM UM MUNDO DE SOLIDÃO E RAIVA? 
Em que mundo estamos vivendo hoje? Em que mundo estamos vivendo hoje? Reviewed by Marcelo Pigozzo on 21:20 Rating: 5

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