Sentir... Há muito não
sabia mais o que era. O toque dos dedos, o beijo do vento. O cheiro da vida, o
doce de uma risada. Sentir. Essa era uma palavra tão comum, mas tão distante de
sua alma quanto sua amiga que havia viajado para o exterior. As únicas coisas
que sentia ultimamente era a monotonia de acordar toda manhã e olhar para
aquelas pessoas que julgava conhecer, na qual roubava algumas risadas com suas
teorias malucas. Seus poemas já não faziam sentido e as únicas coisas que a
mantinham sã no momento eram uma xícara de café e histórias que moravam na sua
estante.
Tudo isso até o exato
momento em que um dia se levantou e percebeu que algo estava diferente. Na
hora, achou-se que estaria louca, que não, aquilo não era de sua natureza, que
era impossível. Pensou que poderia ser a chuva, pois com ela, além de um vento
frio e o cheiro de terra molhada, vinham a saudade de coisas que fizeram parte
de um passado que pensara ter esquecido. Mas o sol mostrou-se e, meu Deus,
aquilo não a abandonava. Aquele sentir de que tanto sentira falta, inundava seu
peito e explodia sua alma que a muito estava apagada. Aquele sentir, que de
certa forma lhe dava medo, sorria-lhe convidativo e mostrava que o mundo não é
tão ruim quanto a humanidade fazia parecer ser. O sentir, que a abraçava como
uma mãe abraça um filho, e agora, mais do que nunca, fazia parte dela como
qualquer parte de seu corpo.
E passou então, sentir
tão intensamente, que transbordava pelas bordas que o mundo tinha lhe dado.
Autor: Cosmo Wayland
Esse foi nosso primeiro texto enviado por colaboradores. Quer participar e enviar o seu? Acesse e veja como fazer. Seja um Colaborador
Sentir
Reviewed by
Marcelo Pigozzo
on
15:50
Rating: